sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Intro III


"-Olá....posso sentar-me aqui a teu lado?
- Claro que sim. Sabes que podes! Então o que te traz aqui?
- Já me conheces, não é? Vim ter contigo, pois gosto de falar contigo.
- Claro que sim...Não me consegues enganar e nem o pretendes fazê-lo. Eu sei que gostas de falar comigo e de aqui estar. Não me importo, sabes que tens aqui uma porta aberta.
- Eu sei!...Sabes, andei a reflectir sobre este tempo que passou até hoje. E sei que muita coisa mudou em mim, pelo menos quase á dois anos para cá..
- Pois mudou e sabes o quê!?
- Sei. Nasci! Até lá andava a viver a continuação de uma outra história, a qual já não fazia sentido. Agora só sou eu.
- Pois és. És tu e só tu.
- Mas sabes, sinto como um ser acabado de sair do ventre em que abre os olhos e tudo é novidade, em parte. É como tudo fosse-me familiar mas ao mesmo tempo desconhecido. É engraçado esta contradição!
- Percebo-te. Mas sabes que tens que saber distinguir as coisas. Aquilo que te possa prejudicar e aquilo que te possa favorecer. Cuidado com a tua ingenuidade. Sabes que nem todos têm boas intenções e nem sempre são verdadeiros.
- Eu sei e isso não me preocupa! O que me preocupa é o meu interior em relação as sensações.
- O que tem?
- Muitas da vezes não sinto o que estou a dar, mas sei que o estou a dar e a pessoa a receber. Creio que tenha a ver com o toque sensorial. Acho que o meu toque sensorial ainda está a despertar.
- Não te peocupes que na altura certa verás que isso muda. Dá tempo! Sabes que o toque sensorial serve para despertar emoções e sensações em nosso corpo e em nossa alma.
- Sim sei disso...mas...tenho medo de estar a ser fria, quando não o sou! Tenho receio que a pessoa a quem estou a abraçar ou dar a mão ou mesmo a beijar perceba que esteja a fazê-lo como uma curiosidade, ou experimentação e não algo deva estar a dar porque ali uma necessidade de conforto ou de prazer, ou outra coisa...percebes?! A questão é que eu quero tanto sentir e concentro-me para tal...que muitas das vezes perco-me a tentar sentir e não recebo o toque da pessoa que me está a dar.
- Acho que ja sei qual o teu problema...tu pensas na sensação que estás a receber ou que queres dar. Estás demasiada concentrada nesse factor por ser algo novo a ser despertar. Não podes fazê-lo, pois não se pensa mas sente-se através do toque e não deves querer defenir qual é o sentimento ou sensação.
- Eu sei, eu sei que esse é o meu mal...pensar no que estou a querer defenir. Mas está a ser inevitável para mim, embora sabendo que tenho que saber contornar isto. Eu sinto estivesse caído aqui neste mundo, nesta realidade e tudo fosse novidade, como te disse á pouco, até o sentir e toque e sensações. É como o meu corpo nada sentisse e só o sentirá no momento que a minha alma sentirá o toque e tudo que vem atrás desse toque. É claro que não é algo profundo, profundo mas tem a sua profundidade.
- Se tens a consciência disso, então porquê que te preocupares tanto? A isso chamo-lhe de adaptação e de aprendizagem. Tu sabes que tens que reaprender muita coisa...a vivência que outrora tiveste. A tua ausência foi longa e tu sabes o porquê. Agora estás aqui e só tens que saber que terás que reaprender e saber contornar todas as tuas dúvidas e incertezas como as tuas certezas e objectivos. Não compliques, as coisas já têm o seu grau de dificuldade e preocupação. Não te substimes no que se refere a resposta para os desafios. Eles existem e é tua decisão coerente de os aceitar e confrontá-los. Só fará com que saibas mais sobre ti e os teus limites. Não te preocupes tens tempo e aproveita aquilo que te pode ser útil.
- Tens razão e eu sei que estou a preocupar-me demais...mas muitas das vezes sinto-me mal em relação a isso. Mas como tu dizes e bem...não tenho que me preocupar e tenho que saber contornar. Obrigado mais uma vez...por seres como és e teres que me ouvir. Mas contigo eu sinto-me bem em confidenciar e também debater certos assuntos. Obrigado!
- Sabes que estou aqui e não tens que agradecer. Sabes que eu gosto e gosto de te ouvir. Estou aqui para ajudar. O melhor agradecimento é voltares sempre que precises, seja para que fôr.
- Posso ficar mais um pouco? Prometo que agora sem palavras e questões...
- Podes...Olha! Deixa-te ir... e sente!"

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