sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Passado, Cansei-me....



Passado, cansei-me...

Muitas vezes, o passado vem e rodeia como um predador rodeia a sua presa. Pode ser uma pessoa, uma situação vivida e que parece estar mal resolvida, ou sentimentos que deveriam ter desaparecido e que afinal estavam adormecidos.
Permitimos que esse passado nos prenda, nos provoque mal-estar, nos faça sentir impotentes perante a vida. Perde-se vida….
Sair?... Enfrentar?... Revoltar? Nem sempre é fácil. Há que ter consciência disso, mas é algo que não é impossível. Existe sempre a escolha de se fazer algo para acabar ou, então, simplesmente de se entregar a esse passado!
A vida, através das minhas poucas vivências (pois ainda estou a meio da jornada) e através das vivências alheias, ensinou-me que tudo tem o seu real valor. As boas vivências são gratificantes, por vezes recompensas, fazem-nos sentir leves, poderosos . .. sabem mesmo bem, um alívio, uma paz e harmonia e por isso saboreamo-la até ao último momento e guardamo-la na caixa das memórias.
As más vivências são dolorosas, sugantes, horrendas, decepcionantes, mas também são castigos, são lições, as quais nos podem tornar amargos, rancorosos, negros, tristes, almas penadas . E deixamo-nos dominar por elas, permitimos que altere a nossa essência, e é por isso que passamos a sentir aquilo que disse atrás. Permitimos que elas ganhem mais valor do que o seu real valor, fazendo com que ganhem força, domínio, que consigam enfraquecer a chama da nossa essência, escurecendo-a.
Mas aprendi, que perante as más vivências, prefiro tirar a sua lição, ver o real valor sem o sobrevalorizar …. Libertá-las e expulsá-las. E das boas vivências, transformá-las em força, coragem, em paz, para que quando se caia, consiga, através delas, levantar e ir em frente.
Estou num momento da minha vida que vou romper com coisas do passado.  Maneiras de estar na vida, que teve a sua importância e recuperar certos hábitos que foram adormecendo. Pessoas, com quem falava esporadicamente e de coisas banais, que me deram momentos de prazer, experiências, mas que só quiseram, meramente isso, viver o momento e sair, mas que acham-se no direito de voltarem quando necessitam,…… cresçam. Para mim, chama-se uma experiência ou vivência de vazio, pois nada fica.
Romper com suposições sobre do que poderia ter vivido e não vivi… é porque não eram para acontecer, ou então porque sonhei ou desejei demais e fez com que não acontecessem, ou então porque não apareceram as pessoas indicadas para com quem partilhar essas vivências. Sim, para as coisas acontecerem, têm que haver o tempo certo e que as pessoas tenham o mesmo desejo, caso contrário, torna-se algo fútil e inútil. Já comecei a romper com essas suposições, desejos, o que seja… A vida tem outras vivências, aquelas que estão reservadas para mim e que dar-se-ão no momento certo e com quem deve acontecer… sem programar!
Cansei-me, sinceramente, cansei-me… o que é bom! Faz-nos procurar algo novo, querer algo diferente. Cansei-me de ter certas coisas passadas a bater à porta da minha pessoa…. Cansei-me de desejar coisas, as quais deixam de ter sentido, dia-após-dia. Cansei-me, mesmo que sinta pena de não ter vivido essas vivências, mas quando não se encontra o ideal ou quando o ideal está fora de mão.
Cansei-me…  de algum passado em que se disfarça através de pessoas e de diferentes cenários, mas que tem sempre o mesmo objectivo: Provocar as mesmas emoções, os mesmos erros, os mesmos sentimentos… testar a nossa capacidade de contornar ou de ultrapassar aquilo que nos empata a vida ou que nos torna fracos.
Cheguei ao ponto de saber quem sou, não ter dúvidas. Do que quero viver e com quem. Viver com sentido e partilhar com as pessoas, em que sei que iremos enriquecer a nossa essência.
Mas também este é o momento em que devo estar sozinha, para respirar, reflectir, trabalhar. Não me sinto uma pessoa interessante, neste momento, pois a minha cabeça não está aqui, desligo-me. Mesmo estando com as pessoas que eu gosto, que conheço, a minha essência desliga-se e parte…. Logo não consigo ter assunto e diálogo construtivo e cativante...
Preciso de mimar o meu ser com o que me dá prazer, o que me faz sentir leve, equilibrada, para depois partilhar com as pessoas que me são importante e com aquelas que se irão cruzar comigo e querer a partilha. É claro que não vou privar as pessoas, que me são importantes de querer a minha presença, que queiram partilhar comigo as suas coisas e eu com elas e tirar daí o maior prazer e gozo com elas.

Simplesmente cansei-me de viver no presente do Passado e não estar no Presente do agora e do Futuro! 

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Nada....



Adoro esta música...e neste momento tem todo o sentido!
Nada.....ás vezes é essa palavra que fica. Fica cravada, mesmo quando não queremos!
Sentir numa corda bamba.
Estar num meio de uma revolta de sentidos.
Estar presente tanto no passado como no futuro.
O que pensar...nada!
O que sentir...nada!
Qual reacção....nada!
Entre a Alegria e a Tristeza,
Entre o Brio e a decepção,
Entre o Sorriso e as Lágrimas,
Entre o Sentir e o Não...
a reacção...Nada!

Numa sala cheia de portas, de pessoas que nos são conhecidas, queridas, importantes, encontro-me. Pessoas, as quais admiro, amo, partilho o meu ser, em que rimos as gargalhadas, em que trocamos ideias, gostos, em que damos o ombro, limpamos lágrimas, partilhamos Amizade, Amor, Prazer, Desejo, Inocência...tantos conceitos.
Passo por elas todas, toco nelas, sinto-as e a música da vida toca a sua melodia continuamente.... a pouco e pouco, cada uma dessas pessoas dirige-se para cada porta, à sua escolha...e eu observo e observo.... e o que fica?
....Nada....Eu no meio do nada....
E o que me prende??... Nada!
Tudo podia me prender àquela sala, mas nada ficou para me prender. Mesmo aqueles que esperam algo de mim, um momento, uma noite, um prazer,verdadeiramente não me prendem àquela sala!
Mesmo que desejasse que algo que me prende-se àquela sala, nem que fosse por um momento, por alguém, por uma partilha de uma dança, por um abraço de minutos, por um beijo, sei que nada disso vai acontecer para me prender àquela sala!

Naquela sala só haveria algo que me prendesse por uns bons minutos e os quais não me importaria, mesmo sabendo que, consequente, ficaria sem mais nada. Algo tão simples, mas que nem sempre acontece....Um abraço em que me despi-se perante a alguém, a quem não me apetecia deixar de sentir. Se já aconteceu?...Sim já! E foi algo transcendente, profundo, libertador, amado. Alguém que me fez chorar de pura felicidade...Alguém que desperta todo o Amor, faz borbolhar esse Amor, alguém que me sentir eu mesma, e saber quem sou....Alguém que Amo liberadamente, mesmo, mas que não está aqui! Não, falo dum Amor humano, isto é, para ter uma relação amorosa.... É outro patamar!

Ao ver aquelas pessoas a dirigirem-se para as portas, abrirem-nas e entrarem, percebo que o nada ficou perante a mim. Algumas portas entre-abertas, mas na verdade, não posso entrar nelas, porque nada me diz e não vou ser desonesta e entrar por entrar!
Sendo assim, olho para a minha mão. Olho para a chave que está na minha mão e olho para a porta que está à minha frente. 
Pé-ante-pé dirijo-me até ela. Levo a chave até a fechadura e ali fico a olhar para a fechadura e para a chave....Ali parada, coloco a chave na fechadura, olho para cima e os meus olhos agem por eles próprios, libertam as lágrimas. A minha garganta age por ela própria e obriga a soltar o grito....respiro fundo, abro a porta....ali estou...a um passo....de deixar aquela sala!

É claro que isto é uma metáfora do que se passa!... o que muda é o cenário, o pano de fundo!